quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A arte pernambucana de se comunicar com os pés



Em 2008, a Estação Primeira de Mangueira cantou: “mandou me chamar, eu vou, pra Recife festejar. Alegria no olhar eu vejo: é frevo, é frevo, é frevo”. E a terra do samba freveu com o nosso passo na avenida.

Frevar, frever, frevura, ferver: a pura efervescência do pernambucano quando ouve o seu ritmo maior. É assim que ele se comunica e se sabe entendido. Nos dias de folia, é com essa linguagem simples que o nosso povo fala para o mundo e ferve, promovendo o rebuliço, a reunião da massa, no vai e vem do movimento das sombrinhas pelas ruas e ladeiras do Estado.

É um tipo de comunicação que não exige fala, não evoca a norma culta, não suplica pela gramática. Nem exige coerência. Não pede coesão. Coordenação, talvez, para os mais exibidos... De um modo geral, fala-se com os pés, saltitantes, que parecem se desvencilhar da fervura que sai do chão. O ritmo, nascido da união entre músicas e danças, recebeu o nome de Frevo após sua primeira publicação em um jornal vespertino, em 09 de fevereiro de 1907. O jornalista usou de sua habilidade para escrever o que os pés da multidão já comunicavam pelas ruas da cidade. Aprimorando o seu conversar com os pés, o pernambucano, então, evoluiu: para vibrar, rodopiar, saltar em meio à multidão, criou o frevo de rua; para aplacar a efervescência dos seus passos, criou o frevo-canção; e para falar ao coração, criou o frevo de bloco.

Se os cantadores de emboladas nos falam com o improviso dos seus versos, o passista (bailarino) ginga, usa uns passos miúdos, outros complicados, uma dobradiça aqui, uma capoeira ali, uma mola, uma tesoura acolá... E assim, convida o povo a conversar, dançando, pulando, gingando, frevando,frevendo, levando a alma a compreender exatamente o corpo deseja expressar.

Parabéns ao frevo, aniversariante deste dia 09! Parabéns ao povo pernambucano e seu ritmo maior!